Operação contra fraude no leite apreende 16 caminhões suspeitos

leite

Veículos usados em transporte do produto serão analisados pelo Mapa.
Nesta sexta, MP confirmou ter prendido quarto suspeito, por porte de arma.

O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) irá analisar nos próximos dias veículos utilizados no transporte de leite apreendidos na quinta etapa da operação contra fraudes no produto, no Rio Grande do Sul. Desencadeada na quinta-feira (9) na Região do Vale do Taquari, a ação recolheu no dia, no total, 16 caminhões, cujas cargas serão alvos de inspeções. Outros 18 mandados de busca e apreensão de veículos expedidos devem ser cumpridos neste mês.

A nova fase da Operação Leite Compensado do Ministério Público Estadual (MP), que até então atingia apenas transportadores e atravessadores, alcançou desta vez empresários do ramo. Foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão nas indústrias de laticínios Pavlat, cujo proprietário, Ércio Vanor Klein, foi preso, e Hollmann, que teve presos o dono, Sérgio Seewald, e o funcionário responsável pela política leiteira, Jonatas William Krombauer. O funcionário foi preso dentro da sede indústria. Os empresários, em suas residências.

Nesta sexta (9), o MP confirmou a prisão de uma quarta pessoa, em Encantado. No município, foi preso em flagrante, por porte de arma, o transportador de leite Maicon de Conto. O Mapa ainda lacrou um resfriador clandestino na mesma cidade.

Por meio de escutas telefônicas, o MP constatou que as indústrias identificavam leite deteriorado e adquiriam por um preço mais baixo. Produtos como citrato, soda cáustica, bicarbonato de sódio e água oxigenada (peróxido de hidrogênio) eram adicionados para dar aspecto de novo ao produto. Desta forma, as empresas obtinham mais lucro, ou ao menos eliminavam o prejuízo por vender um produto que deveria ter sido descartado.

Além disso, as indústrias também identificavam leite fraudado de transportadores, pois são obrigadas a terem laboratórios semelhantes ao do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Ainda assim, comercializavam o produto.

Empresa diz ter apresentado contraprovas

Após um de seus diretores ser preso durante a nova fase da operação Leite Compensado na manhã desta quinta-feira (8), a Inovare Beneficiadora de Alimentos, detentora da marca Pavlat, disse em nota que aguarda o recebimento da denúncia formal por parte de seus advogados para apresentar sua defesa. A empresa diz que, quando solicitada, apresentou ao Ministério da Agricultura laudos de análise de contraprovas, que apontaram resultados dentro dos padrões estabelecidos.

Segundo o texto, a marca recebeu um memorando do Mapa no final de abril com a informação de que algumas amostras coletadas em Santa Catarina apresentaram resultados fora do padrão para o parâmetro acidez. A empresa diz que apresentou as contraprovas na sequência, e que diferença de resultados nos laudos pode estar relacionado com a estocagem do produto em centro de distribuição ou no ponto de venda.

Com relação ao recall solicitado anteriormente pelo Ministério, a nota garante que os lotes já se encontravam fora de circulação, pois já havia tido o prazo de validade excedido.

Esta diferença de resultados nos laudos pode estar relacionado com a estocagem do produto em centro de distribuição ou no ponto de venda. Com relação ao recall, os lotes já se encontravam fora de circulação, pois já havia sido excedido seu prazo de validade.

Os alvos da quinta fase da operação são as indústrias de laticínios Pavlat, cujo proprietário, Ércio Vanor Klein, foi preso, e Hollmann, que teve presos o dono, Sérgio Seewald, e o funcionário responsável pela política leiteira, Jonatas William Krombauer. Todos são suspeitos de acrescentar ao leite substâncias como soda cáustica e água oxigenada. Eles foram encaminhados à delegacia, e depois levados ao presídio de Lajeado, na região.

Dois proprietários de indústrias estão entre os presos

Formado em administração, o empresário Ércio Vanor Klein é apontado como sócio-diretor da WK Alimentos, empresa dona da marca Pavlat, investigada pela operação. Em nota, a Inovare Beneficiadora de Alimentos, detentora da marca Pavlat, comunicou que mantém estreito acompanhamento dos fatos que resultaram na expedição do mandato de prisão contra um de seus diretores. Sem o conhecimento da denúncia formal por parte de seus advogados, a empresa diz que aguarda para apresentar sua defesa.

A empresa diz que, após solicitada, enviou ofício ao Ministério da Agriculturax apresentando laudos de análise das  contraprovas, que apontaram resultados dentro dos padrões estabelecidos. “Esta diferença de resultados nos laudos pode estar relacionado com a estocagem do produto em centro de distribuição ou no ponto de venda. Com relação ao recall, os lotes já se encontravam fora de circulação, pois já havia sido excedido seu prazo de validade”, diz a nota.

Sérgio Seewald, dono da Hollmann, é químico industrial por formação, e chegou a ser condenado por adulterar leite em 2006. “Ele foi condenado, mas recorreu e o Tribunal o absolveu. Ele teve a condenação cassada”, explicou Rockenbach.

Entenda o caso

Iniciada em maio de 2013 a Operação Leite Compensado já conseguiu levar para o banco dos réus e condenar seis pessoas. Na primeira fase as fraudes foram identificadas nas cidades deGuaporé, Horizontina e Ibirubá e quinze pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público e oito foram presas, sendo que seis foram condenadas.

Os condenados são: Paulo César Chiesa (dois anos e um mês de reclusão em regime semiaberto), João Irio Marx (nove anos e sete meses de reclusão em regime fechado), Angélica Caponi Marx (nove anos e sete meses de reclusão em regime fechado), Alexandre Caponi (nove anos, três meses e 12 dias de reclusão em regime fechado), João Cristiano Pranke Marx (18 anos e seis meses de reclusão em regime fechado) e Daniel Riet Villanova (onze anos e sete meses de reclusão em regime fechado).

Na segunda fase ddeflagrada em 22 de maio do ano passado nos municípios de Ronda Alta e Boa Vista do Buricá quatro pessoas foram presas e seis denunciadas pelo MP. Dessas, três estão em liberdade. Já a terceira etapa foi realizada em 7 de novembro de 2013 no município de Três de Maio. Quatro pessoas foram denunciadas mas ninguém foi preso.

A quarta fase foi desencadeada 14 de março deste ano nas cidades de Condor,Panambi,Tupanciretã, Bossoroca, Capão do Cipó, Vitória das Missões, Ijuí e Santo Augusto. Até agora, uma pessoa foi denunciada. O processo ainda está em andamento.

Fonte: GLOBO G1